quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Os desafios de Joaquim Levy


Semana passada, felizmente, houve o segundo sinal positivo do Governo Federal com a nomeação dos Ministros da Equipe Econômica. Isso indica que a Presidente Dilma optou por retornar para a política econômica ortodoxa, através de um controle sistemático dos gastos públicos e da inflação, o que permitirá uma queda nos juros futuros, o retorno da confiança do mercado financeiro e dos empresários, e, por conseguinte, o crescimento e desenvolvimento do país.

O primeiro sinal foi a elevação da Taxa Selic, logo após a eleição presidencial. Espera-se que nesta quarta-feira, dia 03/12, o COPOM suba novamente a taxa básica de juros, agora em 0,5%. Este remédio amargo se faz necessário. Ninguém consegue decretar uma queda “forçada” na taxa básica de juros, como ocorreu de 2011 para 2013. Os efeitos colaterais deste “decreto” foram terríveis para a economia nacional: inflação em alta, queda do PIB, queda nos investimentos, entre outros.

Não me interessa se o ato da Presidente foi um estelionato eleitoral, como a oposição está dizendo (e talvez até seja) ou se foi por pressão do Ex-Presidente Lula ou por qualquer outro motivo. O mais importante é que, com a nomeação da nova e boa equipe econômica, poderemos sim, trilhar um novo caminho para a prosperidade. Agora, se o trio terá ou não autonomia, para efetivar os ajustes necessários, somente o tempo nos dirá. Todavia, com certeza, teremos um ano de 2015 muito difícil pela frente, pois será o ano dos ajustes, o ano da plantação. A colheita está programada para 2016, 2017 e 2018, mas a preparação da terra e a semeadura precisam ser bem executadas.

Veja os principais desafios para os próximos anos:

1.     
Ajuste fiscal severo: o Governo Federal está gastando muito, e mal. O controle dos gastos públicos é fundamental para erradicar os outros males.

2.     
Superávit primário consistente: mesmo que de maneira gradativa, o Governo precisa economizar. O saldo final entre as receitas e as despesas deve ser sempre positivo. Sempre.

3.     
Controle ferrenho da inflação: outro objetivo primordial. A inflação anda no teto da meta (6,5%). É preciso retornar para o centro da meta (4,5%) o mais breve possível. Assim, por enquanto, o aumento da Taxa Selic é necessário, e o controle do crédito também.

4.     
Estimular a iniciativa privada: ao executar os três primeiros ajustes, o Governo sinalizará de forma positiva ao mercado financeiro, que a economia brasileira está no rumo correto, favorecendo os novos investimentos e a confiança do empresariado. Todavia é preciso mais, muito mais. As reformas trabalhista e tributária são fundamentais para melhorar o desempenho das indústrias, aumentando a produtividade e reduzindo o custo Brasil. O aumento dos salários nos últimos anos não foi acompanhado do aumento da produtividade, o que é insustentável no longo prazo. Aqui, é preciso a contribuição da sociedade organizada e do Congresso Nacional. O novo trio sozinho não tem este poder!

5.     
Reduzir as intervenções do Governo Federal na iniciativa privada, favorecendo o livre comércio. A MP 579 no setor elétrico em 2012 foi um desastre. A quebra de regras previamente estabelecidas traz desconfiança aos investidores.

6.     
Melhoria da infraestrutura: sem investimentos, públicos ou privados, o atual estágio da infraestrutura nacional será um grande fator limitador de um crescimento sustentável num futuro próximo. É preciso acelerar o processo de concessão de estradas, portos, ferrovias, aeroportos, e estimular novos investimentos no setor energético.

7.     
Melhorar o desempenho da balança comercial: o déficit atual é insustentável (quase 4 bilhões de dólares em 2014). É preciso exportar mais. Um câmbio mais “justo” e o aumento da produtividade da indústria são pré-requisitos básicos para atingir este objetivo.

8.     
Manter o grau de investimento pelas agências de rating: se o Brasil perder o chamado “grau de investimento” em 2015, e este risco é real, se nada for feito, provavelmente teremos uma fuga maciça de capital estrangeiro, o que será extremamente deletério para o crescimento da nossa economia. A execução dos três primeiros itens é a ferramenta básica para sensibilizar as agências internacionais, evitando assim o rebaixamento da nota de crédito do Brasil.

9.     
Por último, é preciso voltar a crescer de maneira sustentável. Se todos os fatores forem corrigidos, mesmo que de maneira paulatina, poderemos voltar a crescer acima dos 3% ao ano num futuro próximo, e melhor, de maneira sustentável. Caso isto ocorra, todos os setores da sociedade serão beneficiados. Todos!

MJR

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