quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

IBOV – Perspectivas para 2017: curto e médio prazo.



Antes de comentarmos os aspectos gráficos, faço algumas ponderações macroeconômicas:


1.      Após o topo do ano em 65 mil pontos, o IBOV recua quase 12%, no momento em que escrevo (57 mil). Antes deste recuo a alta acumulada no ano era de 50%. Reduzimos o movimento para 30%. Mesmo assim, muito acima do CDI, 14% ao ano.

2.
     
Até as eleições americanas, o IBOV manteve uma ótima correlação com os mercados americanos. Porém, de lá para cá, enquanto o IBOV despencou, o DJI subiu mais de 10%. Uma divergência de mais de 20%!

3.     
Este fato é muito incomum, ou seja, o descolamento entre as bolsas. Segundo analistas, esta divergência decorre principalmente das propostas de Trump para incentivar a economia americana, especialmente na área de infraestrutura. Isto poderia aumentar a inflação por lá e, por conseguinte, a taxa de juros. A prova disso foi a disparada dos yields dos títulos americanos nos últimos dois meses. Por que isto é ruim para os emergentes? Por dois motivos principais: pressiona a cotação do dólar frente ao real e os juros mais atrativos por lá, teoricamente, “retiram” o dinheiro daqui. Simples. A reação imediata do Federal Reserve foi aumentar os juros em dezembro, agora entre 0,5 e 0,75%, e prever mais aumentos para o ano de 2017.

4.     
Contudo, este processo ainda é muito especulativo. É verdade que o mercado financeiro anda na frente da economia real, mas por vezes de forma errática.

5.     
A fraqueza da economia brasileira também pesou neste desequilíbrio. Esperava-se uma reação mais rápida em 2016, o que não aconteceu.

6.     
A crise política também contribuiu para o estrago e pode contribuir ainda mais no começo de 2017 com as delações da Odebrecht.

7.     
Outro fator que contribui para a queda do IBOV foi a “necessidade” de uma correção mais forte no índice, após meses seguidos de alta. Nenhum ativo sobe eternamente em linha reta. As correções são saudáveis num Bull Market.

8.     
Como escrevi no post anterior, mesmo que o Temer não siga como presidente, as reformas fiscais continuarão. O processo poderá ser um pouco mais lento, mas o caminho é inexorável rumo às reformas.

9.     
É preciso entender que as reformas fiscais e o ajuste das contas públicas são imprescindíveis para a queda sustentável da taxa básica de juros. 

10. 
A inflação cedeu em 2016 e o Banco Central do Brasil vai acelerar o ciclo de queda da Selic. Juros em queda, Bolsa em alta. Pura verdade. Os motivos são vários, mas acredite, esta correlação é muito estreita.


Após compreender os dados acima, comentemos os gráficos:


1.     
No curto prazo a volatilidade continuará. Aguente firme. O primeiro trimestre de 2017 não será fácil. O viés de curto prazo é claramente baixista.

2.     
Desde o começo de novembro o IBOV entrou numa clara tendência de baixa pelo gráfico diário. Veja a linha de tendência de baixa em vermelho no próximo gráfico. Somente o rompimento desta linha e com bom volume financeiro poderá reverter a tendência de curto prazo.




3.     
Após perder o suporte em 59 mil pontos, a próxima forte barreira está entre os 55 e 57 mil pontos (veja abaixo), que corresponde ao fundo de setembro de 2016, a média móvel de 200 períodos, a retração de 61,8% do último movimento de alta (gráfico mensal) e uma linha de tendência de baixa de longo prazo que foi rompida neste ano e que deverá funcionar como suporte. É possível que o mercado se segure aqui. No gráfico semanal ainda estamos em tendência de alta. Seria interessante não perder o último suporte comentado.




4.     
 Agora, se perdermos este patamar, o IBOV buscará os 48/50 mil pontos, isto é, uma queda de mais de 10% sobre a cotação atual.

5.     
Confesso que até o início do mês de dezembro eu acreditava que este fortíssimo suporte em 55/57 mil pontos não seria perdido, mas atualmente acho que esta possibilidade é real no começo de 2016. Especialmente se houver um agravamento no cenário político e o mercado lá fora começar a corrigir, haja vista que as bolsas lá fora estão muito esticadas.

6.     
Contudo se o mercado reagir com intensidade neste suporte, a trajetória de alta será retomada.

7.     
A tendência no gráfico mensal é de alta e com forte volume financeiro em 2016.  Mesmo que a correção seja mais intensa é improvável que percamos esta tendência de alta em 2017.



8.     
Os alvos de médio e longo prazo para o IBOV são: 65 mil pontos (máxima de 2016), 73 mil (topo histórico) e 82 mil pontos na projeção clássica de Fibonacci, considerando a réplica da última perna de alta. E digo mais, se o cenário político-econômico colaborar e a economia local mostrar sinais de recuperação poderemos atingir até os 100 mil pontos. É uma hipótese plausível.  


Posto isto, fica claro que o cenário de curto prazo é muito incerto. Contudo, visando o longo prazo, devemos aproveitar a histeria do mercado e aumentar as posições acionárias. Não compre de uma só vez. Compre aos poucos.  Essa é a estratégia mais sábia e eficiente. Ninguém consegue prever o fundo. É impossível. Assim, como o cenário para o longo prazo é muito promissor continue aumentando seu portfólio em ações. E mais uma vez: aplique somente o montante reservado ao longo prazo. Não misture prazos operacionais. Mantenha a reserva de curto prazo em ativos de baixo risco e com liquidez imediata.

Feliz Natal e Ótimo Ano Novo. 

MJR

* no primeiro post de 2017 comentarei sobre os investimentos para o ano. 


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