Antes de escrever
sobre as perspectivas dos investimentos para 2017, gostaria de comentar o
desempenho de alguns ativos relacionados por mim para o ano de 2016. Os Fundos
DI tiveram o desempenho esperado: nos últimos 12 meses renderam em torno de 14%
(taxa CDI). Os títulos prefixados do Tesouro Direto (LTN 2021) tiveram um desempenho
extraordinário, 38,69%, os indexados à inflação (NTNB principal 2035)
alcançaram 47,81% e o IBOV também disparou: 38,9% em 2016. Estes movimentos
eram esperados por mim, talvez não nessa amplitude, pois o cenário político ao
final de 2015 ainda era muito incerto. Já o dólar americano despencou 17,69%: um
movimento também previsível para o cenário de melhora dos outros ativos – uma
correlação inversamente proporcional. O
ouro também recuou 12,32%. Por outro lado, depois de anos consecutivos de perda
do poder aquisitivo, a caderneta de poupança conseguiu bater a inflação: rendimento
de 8,30% contra uma inflação de 6,4%. Veja na tabela inicial o comparativo
entre os ativos no ano de 2016.
Desta forma,
quem seguiu as recomendações propostas por mim teve um ganho médio anual muito acima
da inflação e da Taxa Selic. Um desempenho notável. E para o ano de 2017, as
perspectivas são melhores ou piores? O cenário político-econômico atual é
infinitamente melhor do que ao final de 2015. As incertezas políticas reduziram
drasticamente. O ajuste fiscal está em andamento. A inflação está em queda e deverá
flertar com o centro da meta em 2017 (4,5% ao ano) e os juros básicos (taxa
Selic) começaram a ceder e devem despencar em 2017. Aos poucos a confiança de
empresários e investidores está retornando. Apesar da economia real ainda estar
“parada”, há indícios concretos de melhoras para o ano de 2017. O mercado
financeiro já precificou parte desta melhora: basta você analisar a curva de
juros futuros em 2016 (de 17% para 11%), o desempenho da bolsa e a queda no
dólar. Desta forma, apesar do provável aumento da volatilidade dos ativos, especialmente
no primeiro trimestre, acredito que podemos montar desde já uma carteira um
pouco mais exposta à renda variável.
Veja as perspectivas para 2017:
Curto Prazo (menos de 6 meses):
Fundos DI: é a melhor opção para investimentos
de curto prazo, garantindo a liquidez imediata do dinheiro e evitando
movimentos bruscos. Porém, confira a taxa de administração do fundo. O ideal é que
seja menor que 1% e não deixe de acompanhar o desempenho mensal. Alguns fundos
por aí perdem de longe do CDI. Um bom fundo DI deve acompanhar de perto a taxa
do CDI, isto é, 100% de rendimento do CDI. Uma opção aos Fundos DI é a aplicação
no Tesouro Selic, que tem retorno
semelhante aos melhores fundos DI e um custo baixo: 0,3% ao ano de custódia,
acrescido da taxa de administração. É importante salientar que algumas
corretoras não cobram esta taxa, como a XP
investimentos, o que reduz drasticamente os custos deste investimento.
Médio Prazo (menos de 5 anos):
Títulos pós-fixados. Fuja dos ativos pós-fixados neste
horizonte de tempo, pois o viés da Selic é de forte queda e estes títulos
renderão no futuro cada vez menos. Esta premissa é válida para os Fundos DI,
CDBs pós-fixados e também para as Letras de crédito imobiliário (LCIs). Todavia, destaco a vantagem das LCIs pela
isenção do imposto de renda (IR).
Fundos Imobiliários. Apesar da melhora na cotação dos
fundos imobiliários em 2016, os preços ainda continuam bastante penalizados e,
por conseguinte, muito atrativos. Os proventos mensais são interessantes, até 1%
ao mês, e isentos de IR para o pequeno investidor. É provável que num futuro bem
próximo, na transição de 2017 para 2018, o mercado imobiliário comercial volte
a se aquecer, e as cotações podem disparar.
Títulos prefixados. Manter os títulos prefixados
comprados no ano passado, pois apesar da intensa alta em 2016, ainda vejo
espaço para a continuidade da valorização destes títulos. O mercado já
precificou uma queda da Selic até os 11,5% (DI 2018), no momento em que escrevo
(dia 01/01/17), mas acho que temos chances de uma redução da taxa básica de
juros ainda mais expressiva nos próximos dois anos, 2017 e 2018, se o ajuste
fiscal prosseguir. Neste intuito, opte pelos seguintes ativos: Tesouro
Prefixado (LTN 2023) e o Tesouro Inflação sem juros semestrais (NTNB Principal 2019 ou 2024).
Longo Prazo (mais de 5 anos):
Tesouro Direto. Visando a aposentadoria, opte pelo Tesouro IPCA 2035 (NTNB Série Principal)
e tenha uma garantia de um retorno real acima do processo inflacionário (5,66%
ao ano acima da inflação). Se você tiver disponibilidade financeira faça um
aporte maior no começo de 2017, pois as taxas ainda estão muito interessantes. Senão,
compre aos poucos e faça um preço médio dos juros.
Dólar e Ouro. A moeda americana caiu fortemente em
2016 (20%). O rumo para 2017 ainda é incerto, apesar de uma provável
turbulência no primeiro trimestre (alta) . A maioria dos analistas espera por uma
cotação entre 3,0 e 3,50 reais ao final de 2017. Sugiro manter uma pequena
parte do seu patrimônio atrelado à moeda americana com a intenção de proteger
parte do seu patrimônio. Outra opção de proteção de carteira é investir em ouro.
Mantenha 10% da sua carteira nestes ativos (sugestão: 5% em cada ativo).
Mercado de ações. O IBOV está cotado em 60.227mil pontos
no momento em que escrevo: preço de fechamento de 2016. O objetivo de longo
prazo continua incalculável. Apenas uma catástrofe político-econômica poderia
derrubar a bolsa para menos de 50 mil pontos – releia o texto publicado em dezembro
de 2016 sobre a minha previsão para o IBOV. Desta forma, o risco-benefício é
muito bom. Contudo, invista somente o dinheiro que você não precisará no curto
prazo. Estamos falando em investimentos para mais de cinco anos e nunca exponha
grande parte do seu portfólio ao mercado de renda variável.
Escrevo mais
uma vez neste espaço que uma ótima e fácil opção para se investir na bolsa é comprar
o ativo BOVA11 (cotação unitária atual
de R$ 58,24 e lote de 10 cotas). Com cerca de 600 reais, você já pode investir
no lote padrão deste ativo, sem usar o mercado fracionário. Lembrando que este ativo não exige muito conhecimento por parte do
investidor e o retorno no longo prazo tende a ser muito bom e, melhor, sem
risco de crédito, pois você não estará comprando ações de uma única empresa, e
sim de várias ao mesmo tempo. Por outro lado, se você montar uma carteira
personalizada com a ajuda de um bom especialista, seus ganhos poderão ser ainda
maiores.
Em dezembro de
2015 escrevi o seguinte: “estou vivenciando o mercado financeiro há oito
anos e acredito que estamos no melhor momento para investir e arriscar um pouco
mais no mercado de renda variável. O clímax do pessimismo sempre gera as
melhores oportunidades”. Um ano após,
o cenário para os investimentos em renda variável é ainda melhor, pois as
incertezas políticas foram mitigadas e caos fiscal está sendo contornado. Dias
melhores virão. Portanto, não perca esta grande oportunidade de multiplicar seu
patrimônio!
Se você precisar, os meus dois
últimos livros poderão lhe auxiliar neste intuito.
Disponíveis no site da Amazon: www.amazon.com.br
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MJR
* As opiniões postadas no blog são apenas posições do autor sobre o tema, e não constituem em si, recomendações de compra ou venda de ativos.
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