segunda-feira, 22 de maio de 2017

O caos político voltou (se é que tinha acabado)



Que fase a nossa. O cenário atual mostrava sinais claros de melhora da economia brasileira após 24 meses de recessão. Os resultados das empresas vieram acima do esperado no primeiro trimestre de 2017. A inflação está controlada, abaixo da meta. Juros em queda livre. Geração de empregos em abril. As reformas estavam próximas da aprovação, o que impulsionaria de vez a retomada da economia. Mas...

Eis que, de novo, a praga da corrupção tomou conta da agenda brasileira. A delação premiada do presidente da JBS detonou o Governo Temer e aliados. Não tem volta. Este governo acabou.

Temer tinha pouco apoio da população. Agora perdeu o apoio político e a simpatia do mercado financeiro. Game over! Temer poderia tomar uma atitude de grandeza e renunciar ao mandato. Seria um gesto único numa classe política perdida. O que impede essa decisão é o desvirtuado “foro privilegiado”, uma aberração da nossa lei. Ninguém quer parar em Curitiba.

Se ele tomasse esta decisão, e de preferência o mais breve possível, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumiria o cargo temporariamente por 30 dias e convocaria eleições indiretas no Congresso Nacional, como reza a Constituição. Não haverá eleições diretas. Esqueçam. A constituição é muito clara. Não há como alterar a carta magna em meio ao caos político que vivemos.

O ideal é que seja eleito um presidente de alta credibilidade, que agrade a maior parte da população e que esteja totalmente fora da mira da Lavajato. Carmen Lúcia e FHC são bons nomes, dentre outros. O importante é manter a governabilidade nos próximos 18 meses até as eleições de 2018 e dar andamento as reformas que o Brasil precisa. Caso contrário o país vai parar de novo e continuaremos afogados na recessão.

Outra saída possível seria a cassação da chapa Dilma-Temer, julgamento que deve acontecer no dia 6 de junho. Mais uma chance de colocar fim nessa triste história.

Se Temer optar por ficar, será uma sangria lenta, muito lenta. Ruim para todos.

Votei no Aécio. Apoiei o impeachment da Dilma e tenho convicção que Temer fez um bom governo. Mas acabou. Não há argumento contra os últimos acontecimentos. Não há desculpas. Desejo que todos os envolvidos sejam expurgados do Governo e que sejam julgados pela justiça.

E os investimentos o que fazer? Foi um duro golpe na última quinta-feira. Mesmo com alguns mecanismos de proteção, houve uma queda importante nos ativos: ações e títulos do Tesouro Direto (TD). Quase todos foram pegos de surpresa. O mercado estava em alta marcante. A maioria dos investidores estava fortemente comprada. Quase todos perderam, e muito.

Eu, particularmente, na quinta-feira negra não fiz nada, mas a partir da última sexta-feira comecei a me proteger. Essa situação política não será resolvida rapidamente e a volatilidade será monstruosa. Melhor adotar uma postura mais cautelosa, mas sem pânico.

Para os investidores de longo prazo, sugiro que a cada estresse do mercado, se tiverem caixa disponível, aproveitem as oportunidades e aumentem gradualmente suas posições compradas: bolsa e TD.

Para aqueles que têm algum domínio do mercado sugiro montar posições de proteção, com derivativos e opções.

A única coisa que você não deve fazer é tomar decisões precipitadas. Todas as crises são passageiras. Umas demoram mais, outras menos. É preciso ter paciência. Lembre-se: estamos falando de investimentos de longo prazo.

Por fim, gostaria de afirmar que continuo muito otimista com o futuro do Brasil. Sairemos muito mais fortes de tudo isso. Tenho plena convicção. É óbvio que eventos como esse retardarão a retomada da economia, mas ela virá.

O único medo que tenho é o surgimento de um candidato oportunista para as eleições de 2018, um salvador da pátria, pregando medidas populistas e não ortodoxas, que levariam o país ao caos. Todavia, até o momento, acredito que essa chance é remota. 

MJR



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