segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Risco e Volatilidade



É muito comum os pequenos investidores confundirem essas duas variáveis, ou melhor, usualmente eles acham que se trata da mesma coisa. Decididamente são elementos completamente distintos, independentemente da classe do ativo.

Por definição, em investimentos, o risco está relacionado à possibilidade de alguma perda. Temos o risco de crédito, o risco de liquidez e o risco de mercado, dentre outros. Assim, teoricamente um título do tesouro direito tem menor risco de crédito que um título privado, por exemplo, uma debênture. Por outro lado, um imóvel tem maior risco de liquidez do que a compra de um lote de ações do Banco Itaú. O primeiro pode ser difícil de ser negociado. Já o segundo tem liquidez diária, pelo preço de mercado. O chamado risco de mercado está relacionado ao risco geral do sistema financeiro. As crises macroeconômicas afetam diretamente os vários tipos de negócio: imobiliário, acionário, dos títulos de renda fixa, etc.

A volatilidade de um ativo é a oscilação dos preços num determinado espaço de tempo. Em geral os títulos de renda variável são mais voláteis que os de renda fixa, ora mais, ora menos, dependendo de vários fatores políticos e econômicos, internos e externos. Mas isso nada tem a ver com o risco do ativo. Cada classe de ativo tem seus próprios riscos e sua própria volatilidade.

As eleições de 2018 vão gerar muita volatilidade no mercado acionário brasileiro, mas o risco do investimento continuará o mesmo. Vamos a um exemplo real. Existem sinais claros da retomada da economia brasileira e os lucros das empresas aos poucos estão sendo retomados. Assim, nada mais óbvio que esperar por uma valorização das ações nos próximos anos. Contudo, isso não acontecerá numa trajetória retilínea, haverá altos e baixos, especialmente em relação à corrida presidencial. Desta forma espera-se por um forte aumento da volatilidade em 2018.

Ao final do processo eleitoral (ou no decorrer, se um candidato disparar nas pesquisas), o risco do investimento em bolsa para o longo prazo poderá ou não ser mitigado de acordo com as ideias do presidente eleito (ou favorito nas pesquisas). Se ele apoiar a continuidade do ajuste fiscal do governo federal, apoiar as reformas da previdência e tributária, apoiar o controle inflacionário, apoiar o combate à corrupção e apoiar um maior liberalismo da economia, os juros básicos continuarão baixos, o dólar cairá frente ao real e a economia vai melhorar muito: mais empregos, maiores salários, maior crescimento das empresas e de seus lucros. Tudo isso fará com que o mercado de ações se valorize. Talvez, 100, 200% ou muito mais nos próximos anos. Não dá para precisar quanto. Por outro lado, a vitória da esquerda deverá derrubar a bolsa num primeiro momento, mas se a inflação voltar a subir, a bolsa de valores também subirá, pois serão os únicos ativos imunes à hiperinflação. Os títulos do governo poderão sofrer uma desvalorização absurda, devido ao maior risco de crédito e ao aumento dos juros futuros.

Dito isso, fica claro que existe uma clara e boa assimetria para se investir no mercado de ações desde já. Espere por um ano vindouro de extrema volatilidade, mas o risco do investimento no mercado acionário continuará o mesmo, aliás, do meu ponto de vista, até um pouco menor, como acima comentado. E não se esqueça: o mercado financeiro anda muito na frente da economia real. Se tudo der certo, a bolsa poderá terminar 2018 com uma valorização muito além de qualquer previsão. Para terminar, sempre é bom relembrar: invista somente o dinheiro destinado ao longo prazo e respeite seu perfil de investidor.

MJR




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