É muito
comum os pequenos investidores confundirem essas duas variáveis, ou melhor,
usualmente eles acham que se trata da mesma coisa. Decididamente são elementos completamente
distintos, independentemente da classe do ativo.
Por
definição, em investimentos, o risco está relacionado à possibilidade de alguma
perda. Temos o risco de crédito, o risco de liquidez e o risco de mercado,
dentre outros. Assim, teoricamente um título do tesouro direito tem menor risco
de crédito que um título privado, por exemplo, uma debênture. Por outro lado,
um imóvel tem maior risco de liquidez do que a compra de um lote de ações do Banco
Itaú. O primeiro pode ser difícil de ser negociado. Já o segundo tem liquidez
diária, pelo preço de mercado. O chamado risco de mercado está relacionado ao risco
geral do sistema financeiro. As crises macroeconômicas afetam diretamente os
vários tipos de negócio: imobiliário, acionário, dos títulos de renda fixa,
etc.
A volatilidade
de um ativo é a oscilação dos preços num determinado espaço de tempo. Em geral
os títulos de renda variável são mais voláteis que os de renda fixa, ora mais,
ora menos, dependendo de vários fatores políticos e econômicos, internos e
externos. Mas isso nada tem a ver com o risco do ativo. Cada classe de ativo
tem seus próprios riscos e sua própria volatilidade.
As eleições
de 2018 vão gerar muita volatilidade no mercado acionário brasileiro, mas o
risco do investimento continuará o mesmo. Vamos a um exemplo real. Existem
sinais claros da retomada da economia brasileira e os lucros das empresas aos
poucos estão sendo retomados. Assim, nada mais óbvio que esperar por uma
valorização das ações nos próximos anos. Contudo, isso não acontecerá numa
trajetória retilínea, haverá altos e baixos, especialmente em relação à corrida
presidencial. Desta forma espera-se por um forte aumento da volatilidade em
2018.
Ao final do
processo eleitoral (ou no decorrer, se um candidato disparar nas pesquisas), o
risco do investimento em bolsa para o longo prazo poderá ou não ser mitigado de
acordo com as ideias do presidente eleito (ou favorito nas pesquisas). Se ele
apoiar a continuidade do ajuste fiscal do governo federal, apoiar as reformas
da previdência e tributária, apoiar o controle inflacionário, apoiar o combate
à corrupção e apoiar um maior liberalismo da economia, os juros básicos
continuarão baixos, o dólar cairá frente ao real e a economia vai melhorar
muito: mais empregos, maiores salários, maior crescimento das empresas e de
seus lucros. Tudo isso fará com que o mercado de ações se valorize. Talvez,
100, 200% ou muito mais nos próximos anos. Não dá para precisar quanto. Por
outro lado, a vitória da esquerda deverá derrubar a bolsa num primeiro momento,
mas se a inflação voltar a subir, a bolsa de valores também subirá, pois serão
os únicos ativos imunes à hiperinflação. Os títulos do governo poderão sofrer uma
desvalorização absurda, devido ao maior risco de crédito e ao aumento dos juros futuros.
Dito isso, fica
claro que existe uma clara e boa assimetria para se investir no mercado de
ações desde já. Espere por um ano vindouro de extrema volatilidade, mas o risco
do investimento no mercado acionário continuará o mesmo, aliás, do meu ponto de
vista, até um pouco menor, como acima comentado. E não se esqueça: o mercado
financeiro anda muito na frente da economia real. Se tudo der certo, a bolsa
poderá terminar 2018 com uma valorização muito além de qualquer previsão. Para
terminar, sempre é bom relembrar: invista somente o dinheiro destinado ao longo
prazo e respeite seu perfil de investidor.
MJR
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