A resposta me parece óbvia. Todos os segmentos da sociedade
se beneficiam de uma taxa de juros reduzida. Você pode financiar um carro, uma
casa, abrir um negócio, e muito mais. Para as empresas, o benefício também é enorme:
reduz o custo das dívidas e facilita novos investimentos. Esses geram mais empregos
e mais renda para o povo e, por conseguinte, mais arrecadação de impostos. Para
o Governo, além dos tributos, a redução na taxa básica de juros é muito
saudável para reduzir o valor da dívida pública. Resumindo, um ciclo do bem!
Assim, fica claro que a queda sustentável na Selic é muito importante
para o desenvolvimento do país. Atualmente a taxa básica de juros está em 7.5%
ao ano, uma das menores da história recente do Brasil. Isso foi conseguido nos
últimos 12 meses por três razões principais: pelo controle da inflação, pela redução
da atividade econômica nos últimos anos em virtude da grave crise econômica e
pela alta credibilidade do Banco Central que, a partir da gestão de Ilan
Goldfajn em 2016, foi muito duro no controle inflacionário mantendo a Selic em
níveis altos.
Pois bem, passemos a próxima questão. A atual taxa de juros é
sustentável no longo prazo? Depende de um fator principal. Se o Governo Federal
continuar controlando os gastos públicos, a resposta é sim. E o próximo passo
importante, e inevitável, é a reforma da previdência. Desta forma, não temos
escolha, ou fazemos a reforma da previdência ou voltaremos aos juros
estratosféricos. A questão é simples. É matemática. Se o Governo não voltar a
fazer superávit primário, os juros vão subir a partir de 2019. Não há outro caminho.
O Presidente Temer, independentemente de você gostar ou não
dele, está tentando fazer uma pequena reforma da previdência. Mas mesmo assim, o
próximo presidente obrigatoriamente precisará fazer muito mais. Grande parte do
déficit público atual é oriunda da previdência social. Aqui, no Brasil, em
geral, aposenta-se muito cedo, muitas vezes antes dos 55 anos e com pouca
contribuição ao sistema, sem comentar sobre os privilégios de alguns setores.
Uma sugestão, antes de você escolher seus candidatos nas próximas
eleições, para Presidente e para a Câmara dos Deputados, verifique qual é a
opinião deles sobre o assunto. É preciso mudar a mentalidade de todos os
componentes da sociedade. Todos os países sérios no mundo revisaram e revisam periodicamente
as questões previdenciárias. O ser humano está cada vez mais longevo. A expectativa
média de vida no Brasil é de 76 anos, segundos dados recentes do IBGE. Se nada
for feito, a situação da previdência será insustentável em muito pouco tempo.
Basta citar como exemplo o Estado do Rio de Janeiro. Lá, os funcionários ainda
não receberam parte do décimo terceiro salário de 2016. Inacreditável.
Alguns vão pensar que a corrupção é outra causa importante
do déficit público. Também concordo, mas ela não é a causa primária do déficit
público. A causa tem nome: PREVIDÊNCIA SOCIAL. Pense nisso, ou melhor, estude o
assunto, discuta com seus amigos e tire suas próprias conclusões.
MJR
MJR
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