terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O Lula e a Bolsa



Após 15 dias de merecidas férias, meus comentários estão de volta ao blog.

Gostaria de comentar um assunto muito importante: o julgamento do Ex-Presidente Lula no TRF-4.

O mercado financeiro apostava no placar de 3 a 0, o que foi confirmado no dia 24 de janeiro. A alta do IBOV, de meados de dezembro até a semana passada, foi mantida justamente por essa premissa e por forte aporte financeiro dos estrangeiros. Confirmada a decisão, o IBOV continuou sua escalada e fechou a semana passada com elevação superior a 5%.

A correção atual era totalmente esperada. O patamar de 80 / 81 pontos deverá ser um bom ponto de suporte para as próximas semanas. Uma correção mais forte até os 77 mil pontos (penúltimo topo) também seria normal.

Mas, por que o mercado não quer a volta de Lula? Apesar da convivência pacífica entre o Ex-Presidente e o mercado financeiro entre 2003 e 2010, o cenário atual é totalmente distinto. Lula perdeu sua força. O PT perdeu o apoio popular na classe média e, notadamente, a credibilidade de outrora. Resta ao PT o discurso populista e de extrema-esquerda, que nos colocou num tremendo buraco na gestão Dilma.

As contas públicas estão em frangalhos. A eleição de outra Dilma poderia enterrar de vez a recuperação econômica. E Lula era a maior ameaça.

Posto isto, se tudo continuar como está provavelmente o Brasil elegerá um Presidente pró-reformas, o que potencializará a recuperação da economia, a geração de empregos e um forte ciclo virtuoso por alguns anos.

A reforma da previdência é uma questão de tempo. Não há outro caminho. Sairá em 2018 ou no começo de 2019. O déficit de 2017 beirou os 200 bilhões de reais. Se a reforma ocorrer em 2018 (até 
aqui improvável), a bolsa subirá muito mais, pois esse fato não está precificado.

É provável que a corrida eleitoral comece de verdade a partir de março. A volatilidade voltará com tudo, mas lembre-se que o viés é de alta. Dificilmente o IBOV reverterá para uma tendência de baixa de longo prazo.

Mesmo com uma hipotética forte queda nos mercados internacionais em 2018 (o que é possível), a queda aqui deverá ser pontual, na verdade uma grande oportunidade – caiu, comprou! Existe um “GAP” gigantesco entre os topos das bolsas dos países do primeiro mundo e o da bolsa brasileira. Estamos muito atrasados, talvez anos. Apenas fatores internos, políticos mais precisamente, podem alterar a direção do IBOV.


Sempre é bom lembrar que o mercado financeiro anda na frente do “mundo real”. Se ele está apontando que a economia brasileira vai melhorar, é porque existe uma grande chance disso se efetivar. Desta forma, continuo muito otimista com o Brasil e, por conseguinte, com o IBOV para o longo prazo. Sem o Lula, melhor ainda. O caminho do sucesso deverá ser menos árido.

MJR

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Atualização mensal sobre o IBOV - Janeiro 2018



No último dia 12 de dezembro de 2017, escrevi no blog que o IBOV estava preparando um forte movimento. Após um breve recuo de dois dias, de lá para cá, o IBOV subiu quase 10%. Uma bela onda de alta.

Para o curto prazo, espero um recuo nos preços, em virtude do estado sobrevendido do índice e dos principais ativos (mais de 10 dias consecutivos de alta). Outro ponto: vários ativos encontraram seus alvos imediatos.

Assim, um recuo até 77 / 78 mil pontos (topo rompido) ou até a média móvel de 21 períodos (e retração de 50% de Fibonacci) em 75 mil pontos poderá ocorrer a qualquer momento. Essa retração nos preços não mudará a tendência de alta do IBOV em todos os tempos gráficos – Bull Market.

Um fato que pode gerar bastante volatilidade em janeiro é o julgamento do Ex-Presidente Lula no TRF4 de Porto Alegre, marcado para o dia 24. A confirmação da condenação em segunda instância e, se acontecer, por três votos a zero, isso poderá impedir de vez a candidatura do Ex-Presidente, o que é muito bom para o mercado (e muito melhor para o país).

Em minha opinião parte do otimismo atual no IBOV é oriundo disso (uma antecipação do resultado favorável), além do bom cenário externo e da calmaria em Brasília (os políticos não estão atrapalhando).

A reforma da previdência que será discutida em fevereiro, por enquanto, não está nos preços. Aliás, a maioria dos operadores acha que a reforma é improvável em 2018. Contudo, se ela acontecer, mesmo que desidratada, a bolsa poderá ter um novo e forte impulso de alta.

Lembrando que o maior “driver” deste ano continua sendo a eleição presidencial. Um candidato pró-mercado, poderá acelerar os ganhos dos ativos de renda variável. IBOV acima de 100 mil pontos, quem sabe, já em 2018, será?

Resumindo:

Curto Prazo = provável correção.

Médio Prazo (próximos dois meses) = muita volatilidade. Notícias de Porto Alegre (janeiro) e Brasília (fevereiro / março) podem acelerar ou desacelerar o IBOV.

Longo Prazo. = continuo muito otimista com a economia brasileira e a vitória de um candidato pró-reformas. Nesse cenário, o céu é o limite. Apenas a vitória de um populista de esquerda poderá quebrar a recuperação econômica do país e derrubar o IBOV. 

MJR


quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Onde investir em 2018



O ano de 2017 foi muito bom para o investidor que arriscou um pouco mais em sua carteira de investimento: alta significativa da bolsa brasileira (mais de 25%) e boa valorização dos títulos públicos prefixados e indexados ao IPCA. O que esperar para 2018? Será que teremos um bom ano novamente?

Apesar de acreditar fortemente que estamos apenas no início de um BULL MARKET de longo prazo para a bolsa brasileira, o ano de 2018 será marcado pela alta volatilidade em virtude do processo eleitoral presidencial. Um candidato pró-mercado e a favor das reformas facilitará o caminho dos ativos de renda variável. Em contrapartida um candidato contra as reformas e que defenda o retorno da “nova matriz econômica” poderá enterrar a recuperação da economia brasileira.

Há sinais claros de retomada da economia brasileira e existe a previsão de um aumento de 3.0% no PIB em 2018, obviamente se a eleição não atrapalhar a recuperação.

Um fator que pode dificultar a alta das ações brasileiras é uma possível correção no mercado americano. Ao contrário de nós, eles estão em alta há mais de oito anos (“Late Cycle”) e uma correção mais aguda poderá chegar a qualquer momento. Fique de olho também na velocidade da subida dos juros americanos. Um aperto na política monetária por lá poderá reduzir a liquidez global e, por conseguinte, determinar a “fuga” dos investidores dos mercados emergentes, prejudicando o desempenho da bolsa brasileira.

Outro aspecto que pode jogar água fria nas bolsas mundiais é um possível aumento das tensões geopolíticas na Coreia do Norte e no Oriente Médio.

Desta forma, para este ano temos que ter um pouco mais de cautela na seleção dos ativos. É importante se posicionar para pegar uma possível valorização da bolsa de valores, porém é preciso ter também ativos seguros em carteira.

Curto Prazo (menos de 12 meses):

Fundos DI. É a melhor opção para investimentos de curto prazo,  garantindo a liquidez imediata do dinheiro e evitando movimentos bruscos. O ideal é uma taxa de administração menor que 0,5%. E não deixe de acompanhar o desempenho mensal. Alguns fundos por aí perdem de longe do CDI. Um bom fundo DI deve acompanhar a taxa do CDI, isto é, 100% de rendimento do CDI.

Tesouro Selic. Uma opção aos Fundos DI é a aplicação no Tesouro Selic, que tem retorno semelhante aos melhores fundos DI e um custo baixo: 0,3% ao ano de custódia, acrescido da taxa de administração. Sempre é bom salientar que algumas corretoras não cobram esta taxa, como a XP investimentos, o que reduz drasticamente os custos deste investimento.

Médio Prazo:

Fundos Imobiliários. Apesar da melhora na cotação dos fundos imobiliários em 2017, os preços continuam atrativos. Os proventos mensais são interessantes, até 0,7% ao mês, e isentos de IR para o pequeno investidor. Já há sinais claros de que em breve o mercado imobiliário comercial, especialmente o de lajes corporativas em SP, poderá voltar a se aquecer e as cotações podem ter bom desempenho.

Títulos prefixados. Sugiro “zerar” a posição em títulos prefixados comprados nos últimos dois anos. O Banco Central sinalizou que em breve terminará o ciclo de queda da Selic, atualmente em 7.0% ao ano. Este fato e o cenário político refletem num maior risco para aplicação nestes títulos, superando o potencial de valorização dos mesmos. Quem ganhou, ganhou. Agora, em minha opinião, não vale o risco.

Tesouro Inflação. Visando uma proteção de médio prazo sugiro a compra do Tesouro IPCA 2024 sem cupons semestrais (NTNB Série Principal). Os motivos? Primeiro porque você ainda pode aproveitar o fechamento da curva de juros (os prêmios para os juros mais longos ainda são atrativos) e, segundo, porque você fica protegido da inflação. Por último, numa eventual vitória da esquerda, esses títulos serão os mais resilientes.

Debêntures. Para aqueles que têm um conhecimento um pouco maior do mercado financeiro e aceitam um pouco mais risco, a aquisição de títulos privados (“títulos de dívidas”) pode ser uma boa opção. As corretoras independentes oferecem estes títulos, contudo a liquidez ainda é limitada.

Longo Prazo (mais de 5 anos):

Tesouro Inflação. Visando a aposentadoria, opte pelo Tesouro IPCA 2035 sem cupons semestrais (NTNB Série Principal), e tenha uma garantia de um retorno real acima do processo inflacionário. Mesmo com uma eventual elevação dos juros nos próximos anos, o ganho real acima da inflação é muito vantajoso.

Dólar e Ouro. O rumo para 2018 ainda é muito incerto, porém acredito que a cotação da moeda americana deverá ficar muito volátil em virtude da corrida presidencial.  Mantenha no mínimo 10% do seu patrimônio atrelado à moeda americana com a intenção de proteger parte do seu patrimônio (lembre-se da correlação inversa entre a bolsa e o câmbio). Outra opção para proteção de carteira é investir em ouro. Sugestão: 10% em dólar ou 7% em dólar e 3% em ouro.

Mercado de ações. O IBOV está cotado em 78 mil pontos no momento em que escrevo. O objetivo de longo prazo continua incalculável (150, 200 mil pontos?) se a economia voltar a crescer com a eleição de um governo pró-mercado. A vitória da esquerda poderá derrubar a bolsa para menos de 50 mil pontos. Desta forma, o risco-benefício é muito bom. Mais uma vez, invista somente o dinheiro que você não precisará no curto prazo e lembre-se que o ativo BOVA11 é a melhor opção para aqueles que têm pouco tempo para se dedicar ao mercado financeiro.

Desejo a todos excelente ANO NOVO.

Bons investimentos.


MJR